Grande parte das receitas geradas pelo sector petrolífero em Angola não permanece no país, uma vez que os serviços e a produção continuam, em sua maioria, a ser realizados por operadores estrangeiros. A afirmação foi feita por Patrício Kingongo, Diretor – geral da PetroAngola, durante a sua intervenção no Angola Economic Forum 2025, realizado em Luanda, de 27 a 29 de Agosto.
“A indústria é robusta, com uma produção superior a um milhão de barris de petróleo por dia, mas a verdadeira questão é: quantos desses barris são produzidos por empresas angolanas? Esse é hoje o principal desafio da indústria petrolífera nacional”, afirmou o responsável.
Segundo Kingongo, embora o sector continue a ser a principal fonte de receitas do país, os ganhos financeiros beneficiam maioritariamente empresas estrangeiras, que dominam os serviços e operações ligadas à exploração e produção de petróleo em Angola.
“A receita é gerada em Angola, mas é praticamente toda exportada. Isso acontece porque os serviços e a produção não são executados por empresas nacionais”, lamentou o Diretor-geral da PetroAngola, empresa angolana especializada em prestação de serviços para o sector petrolífero.
Durante o fórum, Kingongo também teceu críticas à forma como as receitas provenientes dos recursos naturais têm sido geridas no país, sublinhando que o problema de Angola não está na abundância de recursos, mas sim na forma como esses recursos são administrados.
“Ter recursos naturais nunca é uma maldição. Os países lutam por esses recursos, e nós temos. O verdadeiro problema está na gestão das receitas que esses recursos geram. É aí que precisamos atacar com urgência”, declarou.
O gestor defendeu a necessidade de se reforçarem os mecanismos de boa governança e de se criarem políticas públicas que priorizem o envolvimento de empresas nacionais na cadeia de valor do petróleo.
“O maior problema que o sector petrolífero angolano enfrenta hoje, e que afecta o país no geral, é a má gestão. Precisamos melhorar, e muito, os nossos índices de boa governança”, concluiu Kingongo, apelando a uma reestruturação profunda do modelo de gestão dos recursos petrolíferos em Angola.