´´Eu faço parte da história, da evolução e do crescimento da Indústria de Oil e Gás, com muito orgulho´´.
Beatriz Catomi, actualmente ocupa a função de Directora Adjunta do Secretariado Nacional do Comité Nacional da ITIE (Iniciativa
para Transparência na Indústria Extractiva), solteira nascida aos 03 de Março de 1975, mãe de 4 filhos, tem 22 anos de experiência na Indústria Petrolífera, 17 dos quais dedicados ao segmento de Refinação e Petroquímica. Foi Project Management Office (PMO) do Projecto do Terminal Oceânico da Barra do Dande (PTOBD) Consultora da Comissão Executiva da Sonangol Refinação. Directora de Finanças da Sonangol Refinação, S.A. (Refinaria de Luanda, Projecto da Refinaria do Lobito) e Chefe de Departamento de Compras e Contractos Refinaria de Luanda (Grupo Sonangol).
Como nasceu o seu interesse pela profissão?
Na verdade, a Indústria de Oil & Gas me escolheu. Na minha família nuclear e extensiva já havia trabalhadores do sub-sector de Oil & Gás. Como o meu irmão mais velho, ( em sua memória) e primos do primeiro grau. Fizeram parte dos primeiros graduados do Instituto Nacional de Petróleos no Sumbe, e quadros do Sub-sector de Oil & Gas, na especialidade de Perfuração e Produção, isso nos anos oitenta.
Então eu já conhecia a grandeza, o impacto, o rigor da Indústria, através do testemunho directo dos meus irmãos. Na altura em que me formei na Universidade Agostinho Neto, as Instituições escreviam para a Universidade a solicitarem os melhores para que fossem fazer os testes de
admissão nas respectivas Instituições. Inclusive, o Ministério da Educação também foi à Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, para recrutar professores para as disciplinas de Contabilidade, Auditoria, Estatística, Matemática e tive interesse pela solicitação do Ministro da Educação, porque na altura estava a ser inaugurado o Instituto Médio de Economia do Kilamba Kiaxi e precisavam de professores nas disciplinas que acima mencionei.
É quadro do MIREMPET, Sonangol, directora do ITIE , ao mesmo tempo mãe e esposa. Como tem conseguido conciliar todas as facetas?
Eu sou quadro senior da Sonangol E.P. Estou em Comissão de Serviço do Ministério dos Recursos Minerais Petróleo e Gás, com a função de Directora Adjunta do Secretariado Nacional do Comité Nacional de Implementação da Iniciativa para Transparência na Indústria Extractiva. Na Sonangol. Sou Contabilista de profissão, fui Gestora do Top por mais de quinze anos. Temos de nos capacitar técnica e, emocionalmente para aguentar a pressão que nos é imposta. Prezada e amada jornalista, tudo em nossa vida passa por uma decisão, uma determinação. Eu decidi entrar para a Indústria e fazer a minha carreira na Indústria e tive de fazer escolhas, que não foram sem dor, sem renúncias, sem opções. Para crescer na minha carreira para
além do meu empenho, dedicação, entrega, resiliência, oportunidade, eu contei com o apoio, solidariedade, confiança da liderança e da equipa e assim também, foi e é para a vida privada. É necessário que no exercício das
nossas obrigações como mulheres, esposas, mães, educadoras, tenhamos uma equipa, ninguém caminha sozinho em nenhuma esfera da vida. Precisamos uns dos outros para exercermos as nossas responsabilidades quer seja na vida profissional como nas nossas obrigações, fora do âmbito profissional.
Foi confiada para participar na elaboração do primeiro “relatório sobre transparência” à Iniciativa da Transparência na Indústria Extractiva (ITIE) conte-nos essa experiência.
Na verdade eu faço parte do grupo que preparou o formulário para adesão, para submissão da candidatura de Angola a membro da Iniciativa
para Transparência na Indústria Extractiva (ITIE). Estou no Secretariado Nacional (SN) da ITIE, desde o dia 09/06/2021. Tivemos nove (9), meses
na preparação do formulário para adesão de Angola, que aconteceu a 26 de Março 2022 e a 16/06/2022, recebemos a comunicação da aceitação
da Adesão em Bruxelas, foi um momento único de muito significado, para toda a equipe, de grande significado para Angola. Estar na Transparência tem sido um grande desafio, uma verdadeira escola, cada etapa tem a sua própria particularidade, exigência e metas a
serem alcanças.
A primeira etapa foi a constituição do CNC da ITIE, constituído por três
pilares, Representantes do Governo, Indústria, e Sociedade Civil.
Tem sido um autêntico discipulado conhecer a dinâmica do funcionalismo
público e tem sido um verdadeiro aprendizado, interagir, conhecer a
dinâmica, a prespectiva da Sociedade Civil e a sua envolvência em todo
este processo.
O primeiro relatório ITIE Angola representa um marco, onde podemos enumerar alguns objetivos que foram alcançados, que traduzem-se nos
ganhos com a adesão de Angola a ITIE e estão sumarizados com a publicação do primeiro relatório ITIE:
i). Primeiro exercício de consolidação de informações sobre a indústria extractiva onde se incluem dimensões de análise qualitativa e quantitativa;
ii). Promoção da interação dos vários stakeholders da indústria num fórum comum, incluindo Governo, reguladores, operadores e a sociedade civil,
permitindo uma partilha abrangente de conhecimento, preocupações e
soluções nesse mesmo fórum, bem como a aproximação e aprendizagem
de forma exponencial e continua.
iii). Sensibilização dos stakeholders para necessidade de promover mecanismos periódicos de recolha de informação sobre o sector e reflexão
sobre a importância da sua divulgação para a promoção da transparência e confiança da sociedade em geral, de investidores e de outros stakeholders.
A implementação da Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva tem os seguintes objectivos.
a). Visa melhorar a governação dos recursos, através da verificação e publicação dos pagamentos das empresas e das receitas colectadas pelo
Governo nos sectores de petróleo, gás e recursos minerais, facilitando ao cidadão o acesso a informações sobre o quanto o país tem colectado as
receitas das empresas.
b). A iniciativa exige a publicação regular dos pagamentos da indústria extractiva e receitas do sector extractivo, encorajando o
Governo, as empresas extractivas, sociedade civil e comunidade internacional a trabalhar em conjunto no desenvolvimento de uma
plataforma de promoção de transparência nos pagamentos efectuados pelo sector extractivo.
c). Esta iniciativa está em evolução e o seu padrão incorpora aspectos que vão além da mera reconciliação de pagamentos, destacando-se nesta dinâmica a contextualização da indústria extractiva no exercício as formas de afectação dos ganhos do sector, bem como a observância da legislação
doméstica e as boas práticas internacionais em toda a cadeia da indústria extractiva.
Se tivesse a oportunidade de decidir o rumo da sua vida hoje, voltaria a escolher a profissão do sector petrolífero ?
Eu tenho uma relação muito especial com a Indústria. Tudo o que sou, todas as minhas conquistas e dos que estão ao meu redor, tudo está fundamentado nos alicerces desta Indústria. A Indústria de Oil & Gas é uma Indústria de excelência, de rigor, de valores, de inclusão, de crescimento, de integração, de oportunidades, de aposta no capital humano, é uma Indústria de mérito, é uma Indústria de visão, que prima pela segurança acima de tudo e de todos. A resposta é sim. Eu faço parte da história, da evolução do crescimento da Indústria de Oil & Gas, com muito orgulho. Eu não apenas voltaria a escolhê-la, como também a recomendaria.
Que mensagem deixa às mulheres que de alguma forma sentem que nunca irão vencer no mercado profissional?
Tudo é possível à menina, ao menino, à jovem e à mulher que “crê”. Precisamos nos capacitar em primeiro lugar, cumprir as etapas da nossa formação e estamos disponíveis para irmos fazendo a formação contínua, as oportunidades surgem em função da nossa própria entrega, dedicação e sentido de oportunidade.