Em uma cerimônia marcada pela presença de importantes líderes do sector energético, incluindo o Senhor Presidente da República, Sua Excelência Diamantino Pedro Azevedo, Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, deu início à sexta edição da Conferência e Exposição Internacional Angola Oil & Gas 2025. A conferência, que reúne especialistas, investidores e autoridades do setor energético global, tem como tema central “Angola 50 Anos: Petróleo e Gás, um Factor de Desenvolvimento”, celebrando cinco décadas de independência do país e o papel crucial da indústria petrolífera no crescimento económico e social de Angola.
Em seu discurso de abertura, o Ministro Diamantino Azevedo destacou o impacto do sector de petróleo e gás na economia nacional, mas também reconheceu os desafios que o país enfrentou nos últimos anos, com um declínio na produção de petróleo desde 2016. A queda na produção, de até 15% ao ano, foi atribuída a uma série de factores, incluindo um modelo de governação desactualizado, a ausência de uma legislação moderna, a maturidade dos campos petrolíferos, e a falta de novos investimentos na exploração. O Ministro também salientou a crescente concorrência global, com outros países emergentes com grandes reservas de petróleo e gás.
Reformas Estruturantes e Confiança Restaurada
No entanto, o Ministro Azevedo ressaltou que a partir de 2017, Angola iniciou um ciclo de reformas estruturantes, lideradas pelo Presidente da República, com o objectivo de restaurar a confiança dos investidores. Tais reformas, segundo o Ministro, trouxeram mais transparência, eficiência e competitividade ao sector, tornando Angola novamente atraente para o investimento privado. Graças a essas mudanças, o país conseguiu não só manter grandes operadoras internacionais, como a Petrobras e a Shell, mas também atrair novos parceiros estratégicos, como a Petronas e a Qatar Energy.
Avanços nas Concessões e Investimentos no Setor
O Ministro também fez questão de enfatizar as diversas acções tomadas pelo governo para mitigar o declínio da produção e garantir o crescimento contínuo da indústria. Entre as iniciativas destacadas, está a Estratégia de Licitação de Blocos, que até o momento resultou na adjudicação de 35 blocos, incluindo 18 na Bacia do Baixo Congo, 11 na Bacia do Kwanza e 6 na Bacia do Namibe. Além disso, foram renovados contratos de blocos chave, como os Blocos 0, 14, 15, 17 e 18, com novos termos que garantem não só a permanência das operadoras no país, mas também aumentam as receitas para o Estado Angolano.
A previsão é de que, entre 2025 e 2029, sejam investidos cerca de 72 bilhões de dólares adicionais nas concessões já atribuídas. A meta do governo é manter a produção de petróleo acima de 1 milhão de barris por dia até 2027. Para isso, grandes investimentos estão sendo alocados a projectos de desenvolvimento e redesenvolvimento, como a produção nos campos AGOGO no Bloco 15/06, CLOV Fase 3 no Bloco 17 e Begónia no Bloco 17/06.
Novos Projectos e Inovações no Sector de Gás e Refinaria
Outro destaque do discurso foi a ênfase no gás natural como peça central da estratégia de transição energética de Angola. O Ministro mencionou o trabalho do Novo Consórcio de Gás, criado em 2020, que está desenvolvendo campos de gás não associado, como Quiluma e Maboqueiro, com a expectativa de iniciar a produção de gás em breve. Ele também destacou a perfuração bem-sucedida do poço Gajajeira-1, que reforça as perspectivas do Plano Director do Gás, que visa criar uma indústria doméstica para o aproveitamento do gás natural e para a produção de energia eléctrica, fertilizantes e outros produtos petroquímicos.
No segmento de refinação, o Ministro Azevedo afirmou que Angola está avançando para garantir autos suficiência em combustíveis e reduzir as importações. A ampliação da Refinaria de Luanda, a inauguração da Refinaria de Cabinda e os progressos na construção da Refinaria do Lobito são algumas das iniciativas em andamento. Além disso, a inauguração, no início deste ano, do Terminal Oceânico da Barra do Dande, com capacidade para 582 mil m³, tem sido fundamental para a eliminação da armazenagem flutuante de combustíveis e para posicionar Angola como um centro regional de distribuição de derivados.
Desenvolvimento Sustentável e Oportunidades para os Jovens
O Ministro também abordou a importância da legislação sobre o conteúdo local e a participação de empresas angolanas na indústria petrolífera. Graças ao Decreto Presidencial nº 271/20, mais de 300 empresas nacionais estão actualmente prestando serviços ao sector, e o objectivo é ampliar essa participação, criando empregos e gerando riqueza para os angolanos.
Em sua mensagem final, o Ministro Azevedo fez um apelo aos jovens, destacando o papel crucial das novas gerações na construção do futuro energético do país. “Com talento, criatividade e dedicação, construiremos os próximos 50 anos da indústria petrolífera nacional”, afirmou o Ministro, destacando a resiliência, inovação e sustentabilidade como valores que guiarão Angola nos próximos anos.
A Conferência Angola Oil & Gas 2025 segue com uma série de debates e painéis, buscando aprofundar as discussões sobre as soluções para os desafios enfrentados pela indústria petrolífera e fortalecer as parcerias para o desenvolvimento contínuo do sector.